Retiro Paroquial 2018

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Como muitos devem saber, realizou-se no fim de semana de 17 e 18 de fevereiro o retiro paroquial, orientado pelo nosso Pároco Padre Gonçalo Teixeira Diniz.
Apresentou-nos cinco palestras tendo como fio condutor o tema “Somos o Corpo de Cristo”, para além de momentos de oração individual, missa, adoração eucarística, cânticos, etc.
Não houve melhor maneira de começarmos a Quaresma, logo na primeira semana, como a deste momento de rutura com o quotidiano, saindo um pouco da nossa zona de conforto… Sentimo-nos privilegiados por termos um tempo como este.
Foi-nos proposto que vivêssemos aqueles dias na intimidade do “Cenáculo”, lembrando Jesus na última ceia e quando voltou a estar com os discípulos logo a seguir à ressurreição, fazendo o máximo de silêncio possível para que Deus nos pudesse falar (favorecendo a experiência espiritual individual), não esquecendo que este retiro também tinha a dimensão de experiência comunitária, pois estavam presentes cerca de 40 pessoas da Paróquia da Sé. Daí que tenhamos começado pela análise da 1.ª Carta de S. Paulo aos Coríntios, onde transparece essa dimensão da vivência em Igreja.
Abordámos a necessidade de nos encontrarmos intimamente com Jesus, no referido ambiente de “Cenáculo”, pois a missão de todos os batizados começa a partir daqui. Nós queremos segui-Lo, iniciando um caminho como discípulos cuja característica fundamental é o amor. Viver o mandamento do amor é a forma que nós temos de seguir o Mestre. Temos de viver uma fé não só onde se fala de Deus mas, sobretudo, no encontro com Ele, em que devemos trata-Lo com familiaridade, falando com Ele, criando espaço para Ele.
Todas as nossas reflexões partiam, logicamente, da Palavra de Deus. Assim, a partir de Jo 15, 1-17 meditámos sobre a alegoria da videira que, entre outros ensinamentos, aponta para que não é Deus que corta os ramos que não dão fruto, mas sim quem não dá fruto (quando João fala em fruto quer referir-se ao reino de Deus) é que se corta a si mesmo, distanciando-se do projeto de Deus e não querendo permanecer nele. Ainda explorámos a ideia de que amar verdadeiramente os outros só é possível com a Sua ajuda. Também, a partir das frases “vós sois meus amigos” e “já não vos chamo servos, chamo-vos amigos”, fomos levados a interrogar-nos se no nosso dia a dia nos comportamos como servos ou como amigos.
Em seguida, falámos da experiência de S. Paulo e da sua transformação depois de conhecer Jesus Cristo. Já não estamos a falar da imagem da videira, dos laços que nos ligam aos outros e a Deus, mas reforçámos a ideia de que a fé não cria simplesmente laços humanos, relações sociais: é algo muito mais profundo e de muito maior ligação a Deus, é vital, pois dela depende realmente a nossa vida.
Na experiência pessoal de S. Paulo, aconteceu algo que vai para além da esfera do humano: caiu por terra de joelhos e ouviu uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, porque me persegues?”. Ele pensava que estava a fazer o bem aos olhos de Deus e agora esta Voz fá-lo sentir envolvido e, surpreendido com o que lhe está a acontecer, pergunta: “Quem és Tu?”. E ouve a seguinte resposta – “Eu sou Jesus a quem tu persegues”. Paulo achava que não O perseguia, mas “apenas” os cristãos. Quando Jesus se identifica com estes (foi a Mim que fizeste), Paulo converte-se!
A missão de Paulo (tal como a nossa também devia ser) passa a ser cuidar dos outros, que o mesmo é dizer cuidar do “Corpo de Cristo”, pois o amor de Deus e o amor aos irmãos, não são duas realidades, mas a mesma. Quando alguém sofre é Cristo que sofre. Quando alguém se sente humilhado é Cristo que se sente humilhado… É esta a realidade do “Corpo de Cristo”. Foi dado o exemplo de Madre Teresa de Calcutá que tinha esta sensibilidade de perceber que ao estar a dedicar-se aos mais necessitados, estava a dedicar-se a Cristo. Devemos ter a mesta atitude, pois quando estamos a servir alguém estamos a servir Cristo e quando não o fazemos é a Cristo que não estamos a servir. Nós somos o “Corpo de Cristo” sempre que nos tornarmos a carne de Cristo visível e tangível para os outros.
Por outro lado, há que combater as divisões e ruturas dentro das nossas comunidades (fruto do nosso distanciamento de Deus), pois todos somos precisos e, para entender isto, refletimos sobre I Co 12, 12-14: “fomos batizados num só Espírito, para formarmos um só corpo”. Ou seja, Deus chama porque precisa de nós e todos temos um lugar na Igreja, assim queiramos descobrir e aceitar a nossa vocação. Mesmo com as nossas fraquezas, é de nós que Ele precisa e isto deve dar-nos paz e força suficientes para estarmos ao Seu serviço e tentar viver reconciliados com as nossas fragilidades e limites, que não devem servir de desculpa ou impedimento. Não esqueçamos que a Igreja é um lugar de aceitação e de cura. Chamados, assim, com os nossos limites e fragilidades, mas todos necessários e imprescindíveis. Numa das reflexões individuais, tentámos dar resposta às questões: Que tipo de membro da Igreja tenho sido?, Como lido com as minhas fragilidades e com as dos outros?
A propósito ainda das divisões dentro da comunidade (I Co 3, 1-4), é preciso desenvolver uma consciência mais apurada, cada vez com maior seriedade, não nos deixando habituar pela possível degradação da nossa consciência, que vai desculpando as nossas ações e comportamentos e devendo autointerrogarmo-nos: No Corpo de Cristo, eu sou um membro que dá vida? Ou, sem querer, posso por vezes estar a transmitir o que nem eu quero?
Acabámos, na última palestra, por entender o desejo que Jesus tem para que demos fruto, para termos uma atitude de sair, anunciando o Evangelho às pessoas, nas suas diferentes realidades e contextos que vamos encontrando na nossa vida. A própria vivência da fé obriga a sair, pois devemos pensar: Será que tantas graças (sacramentos, leituras da Palavra, etc.) que recebemos serão só para nós? Que caminhos de responsabilidade e de missão temos que assumir? Este é o grande desafio para todos, enquanto Igreja dos nossos dias.

Graça Poças Santos 



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