Ano Santo chega ao fim

0 Comentários







Estamos prestes a terminar o Ano Santo da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco, a 11 de abril de 2015, com a Bula Misericordiae Vultus.
 
Depois de, a 8 de dezembro de 2015, ter iniciado para toda a Igreja este tempo de graça, foi no Domingo seguinte, dia 13 do mesmo mês, que em Diocese presenciámos a abertura da Porta Santa, como símbolo do que fomos chamados a viver.  

O termo Misericórdia junta dois conceitos que, se bem compreendidos, nos ajudam a entender esta realidade inscrita na essência do próprio Deus. Trata-se das palavras “miséria” e “coração” (do latim cor, cordis). A miséria humana, que é como quem diz, a nossa pequenez, fragilidade, as nossas faltas e o próprio pecado, Deus leva-os ao Seu coração, estando sempre disposto a perdoar-nos. Na tradição judaico-cristã, refletida na Sagrada Escritura, o coração representa a profundidade do ser de cada pessoa, o lugar onde cada um se encontra consigo mesmo e com Deus, que habita no mais profundo de nós. Ao considerar-se que Deus tem um coração, está automaticamente a atribuir-se-lhe características humanas, algo que poderia parecer desajustado, mas que da nossa parte se revela a única forma possível de podermos compreendê-l’O e falar d’Ele.

Misericórdia é, assim, o imenso amor que brota das entranhas de Deus para nós, apesar das nossas imperfeições e faltas de amor. Como aproveitámos, ao longo do período que agora finda, o lugar reservado para nós no coração do Pai, este apelo ainda mais sonante ao arrependimento e à conversão? Valeu a pena o Ano Santo? Ou tudo ficará na mesma depois do próximo dia 20 de novembro? O grande desafio, depois de concluídos os momentos espiritualmente intensos, é manter viva a chama que se procurou reavivar… Mas será que, ao menos durante estes meses, fomos tocados pela insistência do convite de Cristo no Evangelho, «Arrependei-vos e acreditai no Evangelho» (Mc 1, 15)? Que marcas deixou ou deixará ainda na nossa vida o Ano Santo da Misericórdia?

Certamente que recordaremos, e bem, a passagem da Porta Santa. Mas, se a atravessámos, foi para entrar… viver a experiência de entrar e permanecer naquele coração que sempre terá lugar para nós. O encerramento do Ano Santo nunca poderá significar uma saída, mas será apenas um momento de ação de graças por Ele nos ter aberto a porta. Cá dentro, experimentamos a Sua misericórdia e usamos de misericórdia uns com os outros, irmãos que somos, “misericordiosos como o Pai”. Na confissão sacramental, fomos e continuaremos a ser chamados ao reconhecimento do nosso pecado, atitude de humildade que sempre nos leva a uma verdadeira reconciliação com Deus, connosco mesmos e com os que caminham ao nosso lado.

Ajudados pelo tema pastoral da Diocese, neste ano dedicado à mensagem de Fátima, mensagem de misericórdia e conversão, procuremos viver o que o Santo Padre, há um ano, apontava como futuro para a Igreja: «Naquele dia, ao fechar a Porta Santa, animar-nos-ão, antes de tudo, sentimentos de gratidão e agradecimento à Santíssima Trindade por nos ter concedido este tempo extraordinário de graça. (…) Quanto desejo que os anos futuros sejam permeados de misericórdia para ir ao encontro de todas as pessoas, levando-lhes a bondade e a ternura de Deus! A todos, crentes e afastados, possa chegar o bálsamo da misericórdia como sinal do Reino de Deus já presente no meio de nós» (MV 5). 
Pe. Fábio Bernardino 


Outras notícias

Sem comentários: